Prólogo

domingo, 9 de janeiro de 2011 0 comentários

Hoje vou contar a história de uma bruxa.

Mas não de uma bruxa qualquer, uma bruxa boa.

Sei que parece meio impossível. Já que quando escutamos a palavra bruxa, nos vêm à mente os velhos filmes de monstros, onde todo o vilarejo empunhava tochas e foices em busca da obscuridade que ameaçava a paz local.

Mas as pessoas a chamavam de bruxa. No portão de sua casa estava escrito bruxa. Em sua lápide, anos depois, escreveram ‘Aqui jaz uma bruxa’. Foi queimada como uma bruxa.

Sendo assim, ela era uma bruxa. Sem caldeirão nem gato preto. Também nunca foi vista voando em vassouras. Os únicos feitiços que conhecia eram aqueles que os adultos mais temiam: o da imaginação.

Mas não alcançou as crianças. Não, estas foram criadas para ter medo daquilo que era desconhecido. Atacou os jovens. Aqueles que se sentiam perdidos, desesperados, aqueles que almejavam ter uma vida fora dos padrões daquela ilha isolada, atrasada, abandonada pelo resto do mundo. Seu maior crime foi dar asas à imaginação, coisa que a muito foi perdida.

Essa bruxa não fez grandes coisas, não salvou a ilha, não salvou a si mesma, morreu como uma bruxa. Mas até hoje, ninguém se tornou má simplesmente por tentar.

Possível prólogo para um possível livro. Nunca se sabe...

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