Luzes, por favor.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010 0 comentários


'É frustrante às vezes ver todos que você conhece dando um passo a frente e você ficar estacionada no mesmo lugar.
Sempre tem alguém com aquelas frases tipo 'o que é seu está guardado'. Mas se está guardado, tá aonde? Já posso pegar?'
Pensou.

Como a vida era engraçada, é preciso uma queda de luz para que as pessoas parem e reflitam sobre suas vidas. Afinal, o que funciona sem energia elétrica? Era incrivel como a mente viaja quando não se tem nada para fazer.

Se você perguntar aos bem mais velhos, eles lhe diram algo como 'na minha época, luz era um privilégio, grande parte das coisas eram movidas à corda.' E isso lhe parece um absurdo, já que a eletricidade faz parte da sua vida, de certa forma, podemos dizer que a eletricidade é uma das poucas coisas que estarão com você até que a morte os separe (afinal, quem iluminaria seu funeral?), e você nunca lhe dá atenção suficiente e só percebe o quanto ela faz falta, quando ela (de fato) falta.

'Só damos valor às coisas quando perdemos' Pensou.

Sentou-se na varanda, já que o calor dentro de casa era insuportável (Porquê ventiladores têm que ser movidos à eletricidade?). Se sentia tão obscura quanto aquela noite sem luz. Olhava para as pessoas na rua e era como se assistisse formigas. Seu apartamento não era assim tão alto, mas só o fato de oberservar as pessoas de um outro ângulo já era algo que entretia.

As calçadas de seu condomínio só eram iluminadas pelos faróis dos carros, mas em cada janela podia-se ver uma pequena bola de luz, feita por velas ou lanternas.

'Porquê eu não consigo decidir o que eu faço da minha vida?' Ela pensava.
E pensamentos assim rondavam sua cabeça a noite toda. A semana toda. Não pensava em outra coisa. Se sentia derrotada, frustrada. Esperava se adaptar e logo se interessar por todos os assuntos que lhe falavam, mas simplesmente algo não batia. E depois de três anos de tentativas, já não se sentia bem consigo mesma, parecia que enquanto estivesse presa àquela instituição, não seria feliz, sentia que sua vida necessitava um outro rumo. Se guiou no impulso e assim o fez.

Mas toda ação tem uma reação, aprendera na escola.
Agora sentia um vazio. Não sabia o que fazer. E o sentimento de fraqueza tomava conta de seu corpo, fazendo-a pensar que não era capaz de mais nada na vida. Sentia-se frustrada por tudo aquilo.
Sabia que tinha feito a coisa certa, 'se fosse para ser feliz, então estava certo.' Mas e agora? O que iria fazer?

O que é seu está guardado... Até quando?'

Olhou para o grande jardim que tinha em cada bloco e, assim, no total escuro, pôde enxergar o que nunca havia enxergado antes.
Vagalumes.
Piscando erroneamente, cada um em seu tempo, cada um com sua intensidade.
Abriu então um sorriso e, ainda observando aqueles pontos luminosos que se mexiam, viu suas luzes ficando cada vez mais fracas, até que sumiram por completo, assim como o sentimento de que algo estava errado e, ao olhar ao seu redor, tudo estava mais claro. Já nem lembrava mais o que lhe atormentava...

As luzes haviam voltado.

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